Privada de cristal
Pode parecer estranho, mas os maiores beneficiados com a invenção de privadas não foram aqueles com vontade de usar o toalete, mas os transeuntes das ruas das capitais. Antes de o utensílio ser inventado, homens e mulheres faziam suas necessidades em baldes e despejavam o conteúdo nas ruas. Em Paris, para alertar os que passavam, gritavam “Água vá!” antes de jogar fezes e urina pela janela. No Rio de Janeiro ou em Salvador, nem isso. Os nobres tinham lacaios ou escravos para segurar os urinóis e as latrinas. Mas muita gente virava-se como podia. Crianças, por exemplo, iam até a porta de casa e faziam xixi na rua, tranqüilamente. Em 1597, John Harington inventou o primeiro WC (water closet ou armário de água) de que se tem notícia: um assento de madeira, uma caixa-d’água e uma válvula de descarga. Ele instalou sua obra prima para a rainha Elizabeth I no palácio de Richmond. O aparelho era caro e a maioria das pessoas tinha de esperar pela fila em banheiros públicos. Na segunda metade do século 19, começaram a funcionar os sistemas de encanamento subterrâneos que permitiam o escoamento dos dejetos. “As galerias subterrâneas são os órgãos da cidade grande e vão trabalhar da mesma maneira que os órgãos humanos, mas sem serem reveladas”, teria dito o prefeito francês Georges-Eugène Haussmann em 1858.
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