A Contra-Reforma, de modo geral, consistiu em um conjunto de medidas tomadas pela Igreja Católica com o surgimento das religiões protestantes. Longe de promover mudanças estruturais nas doutrinas e práticas do catolicismo, a Contra-Reforma estabeleceu um conjunto de medidas que atuou em duas vias: atuando contra outras denominações religiosas e promovendo meios de expansão da fé católica.
Uma das principais medidas tomadas foi a criação da Companhia de Jesus. Designados como um braço da Igreja, os jesuítas deveriam expandir o catolicismo ao redor do mundo. Contando com uma estrutura hierárquica rígida, os jesuítas foram os principais responsáveis pelo processo de catequização das populações dos continentes americano e asiático. Utilizando um sistema de rotinas e celebrações religiosas regulares, a Companhia de Jesus conseguiu converter um grande número de pessoas nos territórios coloniais europeus.
A Inquisição, instaurada pelo Tribunal do Santo Oficio, outra instituição eclesiástica criada na Contra-Reforma, teve como principal função combater o desvio dos fiéis católicos e a expansão de outras denominações religiosas. Além de perseguir protestantes, a Santa Inquisição também combateu judeus e islâmicos, que eram considerados pecadores e infiéis. Entre outras formas, a Inquisição atuava com a abertura de processos de investigação que acatavam denúncias contra hereges e praticantes de bruxaria. Caso fossem comprovadas as denúncias, o acusado era punido com sanções que iam desde o voto de silêncio até a morte na fogueira.
Em 1542, o Concílio de Trento, uma reunião dos principais líderes da Igreja organizada pelo papa Paulo III, selou o conjunto de medidas tomadas pela Contra-Reforma. No Concílio de Trento estabeleceu-se o princípio de infabilidade papal e a declaração do Índex, conjunto de livros proibidos pela Igreja. Além disso, a Vulgata foi estabelecida como versão oficial da Bíblia Sagrada, foi proibida a venda de indulgências e todas as doutrinas católicas foram reafirmadas.
Concílio de Trento
Assembléias realizadas pela Igreja Católica em Trento, Itália, entre 1545 e 1563, para tentar definir as crenças católicas e refutar os ensinamentos protestantes. Também estabeleceu muitas reformas nas práticas da Igreja. Seus resultados impulsionaram a Contra-Reforma, movimento de renovação da Igreja Católica durante os séc. XVI e XVII. O Papa Paulo III convocou o Concílio em 1542, que só se instalou em 13 de dezembro de 1545. Guerras e disputas religiosas interromperam com freqüência os trabalhos. Durante o primeiro período (1545-1547), o Concílio declarou que as Escrituras e a tradição (as obras dos apóstolos, os decretos de Papas e concílios e os costumes praticados pelos cristãos) eram fontes de mesmo valor na fé católica. Durante o segundo período (1551-1552), o Concílio definiu a natureza dos sete sacramentos e reafirmou a doutrina da transubstanciação (a transformação do pão e do vinho no corpo e no sangue de Cristo). No período final (1562-1563), o Concílio defendeu a concessão de indulgências, aprovou as preces a santos e definiu o sacrifício da missa. O Papa Pio IV confirmou todos os decretos do Concílio de Trento em 26 de janeiro de 1564, e eles se tornaram parte da doutrina católica.
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